terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Poliamor - Compersão: O oposto do ciúme

Há tempos eu venho tentando encontrar uma forma de verbalizar o que é exatamente o Poliamor, porém não obtive sucesso.
Lendo alguns textos sobre ciúmes, eis que me deparo com essa postagem maravilhosa do blog "Poliamores"

Nada mais verdadeiro do que essas palavras...







"Você reconhece as seguintes cenas?

Um casal vai passando pela rua tranquilamente, quando uma mulher atraente passa por ele, surge confusão porque o rapaz se deixou levar pela beleza da mulher e se voltou para acompanhar. Outro está num bar, se divertindo, com amigos, quando de repente ocorre uma cantada de alguém do grupo a um dos dois componentes do casal. Se a noite não terminar em briga ao menos termina com um dos dois emburrado o resto da noite. Você vê a foto de uma mulher (ou um homem) bonita e resolve fazer um elogio. Em pouco tempo você recebe uma resposta nada agradável de alguém que se apresenta da seguinte forma: “Ela já tem dono”. Todo mundo já passou por isso: Chama-se ciúmes.

O chamado “tempero da relação” na maioria das relações monogâmicas é um tabu para as relações poliamoristas. As pessoas devem achar que somos mestres em não ter ciúmes já que aceitamos que nossos parceiros(as) fiquem com outras pessoas, certo? Errado. Mesmo para nós isso é complicado. Mas não querendo colocar o carro na frente dos bois, vamos parafrasear Jack, o Estripador, e ir por partes.

Primeiro o que é ciúme? Antes de mais nada, devemos tentar entender o que é e porque acontece, afinal, não se vence uma guerra sem conhecer o inimigo. Muitos vão odiar o que vou dizer aqui, principalmente se for ciumento, mas ciúmes nada mais é que um sintoma da insegurança. Porque se tem ciúmes? Vem do medo de perder o parceiro(a), vem do medo de ser rejeitado, vem do sentimento de possessividade que temos sobre o parceiro, de acreditar que ele nos pertence e nós a ele. Mas de onde vêm esses sentimentos? Como barrar algo tão “natural”?

Sou a favor da visão de que sentimentos não vêem sós, são originados de pensamentos e crenças. Uma mudança de comportamento só pode ser efetivada pela mudança de pensamento, caso contrário não é mudança concreta. Para início de conversa que o ciúme não é natural. É um comportamento construído socialmente e aceito por tantas gerações que já viemos ao mundo numa sociedade ciumenta, sem muitos exemplos do contrário, e assim crescemos acreditando na naturalidade e necessidade dele. Há milênios atrás, antes da Era Cristã, a poligamia era natural. Longe de querer criticar o cristianismo por isso, mas a Igreja muito contribuiu para impor uma forma de pensar considerando pecado tudo aquilo que antes era natural para a Grécia Antiga, considerada depravada. Não devemos esquecer que o fator histórico é muito importante para entender como vivemos hoje. Ora, o casamento monogâmico sendo algo elevado, a poligamia foi rebaixada a pura devassidão e com isso tudo o que pudesse indicar gosto por mais de um, indicação de não-amor. Manter o ideal de amor romântico – monogâmico, único por toda a vida, foi o que gerou os sentimentos de possessividade e insegurança com o medo da perda de um parceiro que, em tese, só pode “ter” uma pessoa apenas.

Mas não precisa ser assim. Uma das grandes mentiras que já nos ensinaram na vida é de que amor de verdade é único. O amor de verdade é múltiplo. Eis porque você tem a capacidade de amar tantas pessoas. Eis porquê você ama seus parentes, seus amigos, seus animais de estimação e coisas mais abstratas como sua vida, sua felicidade e sua liberdade. O amor é um sentimento sem limites ou fronteiras. O amor divino não tem limites. A limitação é nossa. E antes que digam que o amor divino, familiar e fraterno não se compare ao de que estou falando aqui, ora, peço que raciocinem um pouco. Não falo aqui nada mais do que o amor conjugal, que é amor como qualquer outro. Porque não seria? Por incluir o sexo? Este é mais um tabu implantado pela Igreja Católica. O sexo é considerado tão impuro, que até hoje, se valoriza a mulher que casa virgem ou os jovens que morrem virgens. O sexo e o amor podem existir em separado, mas também podem existir em união. A quantidade de pessoas que você ama não determina com quantas faz sexo, nem a quantidade de pessoas que faz sexo determina quantas ama ou se ama alguma. As pessoas sempre criticam dizendo que se você admite outras pessoas, não existe amor de verdade. Por quê? Acaso o amor verdadeiro é egoísta?

Deixe-me dizer uma coisa importante: Você não vai perder seu parceiro (a) se você lhe der liberdade de comprometimento, ao contrário, isso te dará paz e segurança. Por quê? Por que você não vai mais precisar se preocupar com traições porque elas não mais existirão: Quando se tem liberdade de ter outras pessoas e isso não é proibido, o “gosto” pela traição diminui. A pessoa não pensa mais como uma alternativa de escape porque ela não se sente presa; não pensa mais como uma forma de vingança, porque ela não tem do que se vingar. Naturalmente, a pessoa acaba por se voltar ao diálogo, e quão melhor não seria sermos francos e verdadeiramente amigos e confidentes de nossos parceiros? Sentar e dizer “Olha, estou gostando de uma garota muito interessante, que gostaria que conhecesse, creio que irá gostar”. Não existe ameaça nisso porque não há substituições, apenas acréscimos. Não há mais o medo de perda: Porque simplesmente não há mais a necessidade da troca. Se um relacionamento acabar, não é porque surgiu uma nova pessoa com quem ele ou ela gostaria de se relacionar, é porque ela realmente não quer mais se relacionar com você. Um término é mais tranqüilo que uma substituição.

Recentemente li um depoimento de uma poliamorista que disse algo interessante: No início de seu relacionamento, ela deu total liberdade ao namorado de se envolver com outras se lhe interessasse, disse que não se sentiria atacada ou ofendida, aceitaria. No começo, como tudo que é proibido ao ser liberado causa interesse, ele passou a paquerar outras mulheres e na frente dela ver se lhe provocava ciúmes. Ao notar que não surtia efeito, sossegou, passando a tratar o assunto com mais seriedade e passando a relaxar. Outro narra sua forma de ver as coisas: para ele se trata de uma questão de estar feliz com a felicidade do outro, o que chamamos de Compersão.

Compersão é a palavra portuguesa para o termo em inglês Compersion, que significa ausência de ciúmes, ou estar feliz com a felicidade do outro. Vou além: Não se trata de ser feliz apenas com a felicidade do outro, mas com sua liberdade, com sua paixão, com seu amor. É ser feliz que seu parceiro(a) é amado(a) verdadeiramente por outras pessoas, que é tão bem cuidado por outras pessoas quanto o é por você. É ver o amor e carinho que ele(a) sente por outros parceiros(as) e ver isso com bons olhos ao invés de maus: Você não está de fora, você faz parte da família.

É difícil? Talvez, muitos desconfiam até da própria sombra. Mas a verdade é que quantos de nós ainda não amamos nossos “ex”? Com quantos gostaria de voltar se pudesse ter liberdade para ficar com eles? Quantos não teria deixado ao encontrar novas pessoas? Amor sem barreiras, não é disso que o mundo está precisando? E não estou falando aqui de swings, orgias, pegação generalizada, busca desenfreada por parceiros, ser “corno manso”. Falo de amor, não de sexo. Amor, não subserviência aos instintos do desejo. Não se trata de ser livre para olhar para quem quiser e agir como quiser. Poliamor acima de tudo exige respeito. Se trata, basicamente, de estar feliz pela pessoa que você ama ser livre para amar, ser livre para se relacionar com carinho e comprometimento a outras pessoas tão interessantes quanto ela ou você. Isso existe. Você mesmo já amou vários na vida, a diferença é que não os fez ao mesmo tempo e ter um novo exigiu que tivesse deixado um antigo. No poliamor isso não se faz necessário. Reconhecemos que somos seres únicos, especiais, e podemos nos apaixonar e amar por tantos quantos entrarem em nossos corações.

Podemos viver a vida inteira com um só e ainda assim amar plenamente e permitir liberdade? Sim, podemos. Poliamor não é sobre ter vários parceiros a todo custo, mas reconhecer o direito e a possibilidade. Assim como amar mais de um não é uma afronta à sua individualidade. Não te torna menos especial, você ainda é único. Não se trata de “insatisfação”, mas liberdade de amar e desejo de acréscimo, não completude. Comece a pensar assim e verá o ciúme desaparecer. Talvez a frase mais sábia que eu já tenha ouvido falar na vida seja:


“As coisas que gosto deixo-as livres: Se voltarem é porque as conquistei, se não voltarem é porque nunca as tive”. A pessoa que é livre não deseja fugir. Conquiste as pessoas, não as prenda, e as terá consigo enquanto houver amor e respeito."

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Que a Bondade Vire Moda





Sabe aquela sensação maravilhosa e totalmente despretensiosa que vem até nós quando ajudamos alguém que precisa? Um misto de satisfação por ter feito alguém se sentir bem, e um certo desconforto que nos faz sentir que poderíamos ter feito mais, que gostaríamos de ter feito mais? 
Quem costuma ajudar pessoas e animais que precisam, com certeza entendem o que eu estou dizendo. 

Esses dias estávamos minha mãe e eu no centro da cidade onde moramos, quando estávamos no açougue um garoto me chamou baixinho, estava escondido atrás da parede do restaurante. 

Ele não devia ter mais do que dezoito anos. Ele me chamou e disse: "Moça, você poderia comprar um pouquinho de salsicha para mim?" 
Quem me conhece sabe que eu não consigo negar ajuda à qualquer pessoa, seja ela quem for. 
Então eu comprei um quilo e meio de salsicha para ele, e eu garanto, não há satisfação maior do que receber aquele olhar de agradecimento seguido por um: "Deus te Abençoe!" Eu não sou uma pessoa ligada à fé religiosa, mas me sinto muito honrada quando as pessoas dizem isso para mim, pois sei que é a maior forma de agradecimento que elas acreditam, e dirigem isso à mim, eu que apenas fiz o que todo ser humano deveria ser capaz de fazer, ajudar a quem precisa. 

Mesmo depois de ajudar esse garoto, um sentimento de impotência se apoderou de mim. Uma vontade de acolher, de dar um lugar para morar, de ser capaz de salvar o mundo, de acabar com a fome, a tristeza. 


Então me veio uma idéia na cabeça, o que eu faria se fosse onipotente por um dia? 

Comecei a pensar sobre isso no caminho para a faculdade e, de todas as voltas que dei em meus pensamentos, cheguei a uma única conclusão: Se eu fosse onipotente por um dia eu transformaria esse mundo. 
Acabaria com a fome, com a dor e o mais importante: eu colocaria amor absoluto sobre todas as coisas no coração de cada ser humano que habita essa Terra. 
Não haveriam mais abandonos de animais ou crianças, não haveria mais crueldade, o mal estaria extinto para sempre e a natureza estaria preservada. 

Pode parecer infantil, mas o mundo seria um lugar esplêndido se fosse regido com os olhos de uma criança. 


Eu desafio você a pensar sobre isso. Pode ser antes de dormir ou durante o caminho para o trabalho, pense: O que você realmente gostaria de fazer se tivesse a oportunidade de ser onipotente por um dia? 

Pense tambem: Quantas vezes, durante toda sua vida, você pôde fechar os olhos antes de dormir e dizer: "Hoje eu fiz pelo menos uma pessoa feliz"? Ou: "Hoje aquele cachorro/gato ficou tão feliz depois que eu dei um pouquinho de comida/água para ele." 

A minha filosofia de vida, a minha religião, é amar incondicionalmente todas as pessoas, animais e a natureza, e fazer com que esse amor se propague, vire moda, se torne uma pandemia. Pois eu lhes digo uma coisa: Ao compartilhar no Facebook uma foto com os dizeres "Ajude um animal de rua", você pode fazer com que outra pessoa vá lá e ajude, mas você passar por um cachorro abandonado e lhe oferecer metade do seu sanduíche ou comprar um salgado e um suco para um mendigo, isso sim é mudar o mundo, meu amigo. Você pode não ter salvo o planeta, mas colocou um pouco de luz no mundo daquela pessoa, daquele animal. E não existe prazer maior do que fazer alguém feliz, mesmo que por poucos minutos.
Não há prazer maior que fazer os outros felizes, apesar de nossos problemas.